No passado dia 27 de fevereiro, estivemos à conversa com os dirigentes João e Anabela Lagartinho e Paulo Mendes do agrupamento 159-Portimão que nos deram a conhecer a sua dinâmica com o município e a Proteção Civil, selada com um protocolo assinado e renovado há já 6 anos.
Este acordo que prevê a existência de uma cooperação ao nível da alimentação e logística por parte do agrupamento sempre que seja necessário, permitiu que caminheiros e dirigentes, 21 escuteiros no total, estivessem desde o início da pandemia, em março de 2020, a auxiliar as entidades que estão na linha da frente do combate à pandemia. “Há 346 dias seguidos que estamos a fazer este serviço com um grande espírito de missão e solidariedade”, refere o chefe João Lagartinho.
Organizados numa escala de acordo com a disponibilidade de cada um, e tentando sempre agregar 1 chefe e 1 caminheiro na mesma equipa, é da responsabilidade do agrupamento recolher e distribuir todas as refeições desde o pequeno-almoço ao jantar, e por vezes cabazes, à população que está tanto em isolamento profilático ou obrigatório como à que está contaminada. Até ao momento já foram distribuídas cerca de 10.700 refeições.
Sendo a segurança de todos uma prioridade, todos os colaboradores utilizam máscara e luvas ao longo de todo o processo. Para além disso, o chefe Paulo Mendes acrescenta: “nós não temos contacto direto com as pessoas; deixamos a comida dentro de saquinhos ou caixas à porta e afastamo-nos um pouco para evitar esse contacto.”
Os dirigentes mostram-se bastante orgulhosos do trabalho desenvolvido e, tal como explica a chefe Anabela Lagartinho, ainda que apesar da maioria dos participantes trabalharem ou estudarem, alguns noutras localidades, existe o sentimento de compromisso, uma vez que os caminheiros se colocam ao dispor assim que têm um tempo livre.
Por outro lado, confessam que talvez o maior desafio seja gerir as equipas na hora da refeição do almoço, tendo em conta que é uma altura em que poucos se encontram disponíveis e, por vezes, quando é preciso realizar a distribuição em vários pontos diferentes torna-se mais difícil.
Para além da atual missão a que o agrupamento 159-Portimão se encontra ao serviço, este colaborou também em anos anteriores no combate aos grandes incêndios, apoiando os bombeiros da localidade, fosse na distribuição de água, gelo e bebidas ou assegurando a alimentação dos operacionais em atuação.
Todo este serviço só pode ser exequível com as verbas disponibilizadas que suportam os encargos com equipamentos, alimentação e combustível. Por isso, a existência deste protocolo de apoio mútuo revela-se fundamental, visto que permite às entidades libertar meios que sejam necessários noutros locais recorrendo ao auxílio dos escuteiros que estão à sua disposição para auxiliar na retaguarda, refere o chefe João Lagartinho. “Este caminho foi muito batalhado”, afirma em retrospetiva, recordando que tudo começou com uma grande vontade por parte do chefe Álvaro Bila nos anos de 2000, que impulsionou o agrupamento a participar no segundo curso monográfico da Proteção Civil. Nesse contexto, e que pouco a pouco os escuteiros foram-se mostrando um meio útil, que poderia ser um grande apoio às entidades da cidade de Portimão.
O chefe Paulo Mendes reforça ainda: “enquanto for possível e enquanto nós pudermos, estaremos sempre disponíveis para ajudar quem precisa.”
Por fim, tivemos a oportunidade de questionar cinco elementos do clã participante acerca do significado que tem para cada um poder ajudar nesta missão e estes foram alguns dos testemunhos que recebemos:
Mafalda Rosado – “Eu acho que fazer parte disto e prestar estes serviços é fazer parte de algo maior e em prol de quem mais precisa.”
Filipe Oliveira – “Eu acho que fazer entrega das refeições às pessoas infetadas com o covid-19 é um ato de boa atitude. Sinto-me bem em poder fazer este serviço e ajudar o próximo.”
Daniel Rio – “Ter feito parte deste projeto encheu-me o coração ao ver o agradecimento no olhar das pessoas em momentos difíceis, sem nenhuma companhia ou conforto. Saber que contribuímos para os dias difíceis de alguém serem menos difíceis é realmente gratificante e fazemo-lo de coração aberto.”
Joana Andrez – “Ao fazer parte deste serviço o mais gratificante é ver a cara das pessoas quando nós lhes levamos as refeições. Não trocava isso por nada.”
Gonçalo Pais – “Para mim, fazer parte deste serviço foi algo fantástico, onde se pode mostrar realmente o espírito de serviço e ajuda ao próximo. Mostra o que realmente se pode fazer neste tempo difícil que estamos a passar e o sorriso no rosto de cada pessoa fazia o nosso dia.”