ESCUTISMO INCLUSIVO NO AGRUPAMENTO 1009 – PADERNE

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Constança Ramos tem 7 anos e integra a Alcateia do Agrupamento 1009 – Paderne. O facto de ter nascido com Trissomia 21, não se tem mostrado impedimento à sua normal integração tanto nos Escuteiros, onde ingressou este ano, como na sociedade.

Após contactar a sua mãe, Nair Ferreira Ramos, para uma entrevista procurámos saber, entre outros tópicos, o porquê de ter escolhido este Movimento como um local de aprendizagem e vivência para a Constança.

Nair explicou que depois de ter sido escuteira durante 17 anos no Agrupamento 1052 – Quarteira, sempre soube que quando tivesse filhos lhes iria, pelo menos, proporcionar e dar a conhecer esta experiência, longe de pensar que alguma vez teria uma menina com necessidades educativas especiais.

Nesse contexto, e tendo o CNE sempre se afirmado como um Movimento inclusivo, tentámos perceber se seria também esse o sentimento por parte de Nair e se a Constança teria, efetivamente, sido facilmente aceite nos Escuteiros e no Agrupamento: «Sempre senti que o movimento fosse inclusivo. Já no meu Agrupamento tínhamos uma menina com a mesma condição genética da minha filha. Ela cresceu connosco e nunca a excluímos de qualquer atividade, mesmo sabendo que ela poderia ter algumas limitações motoras ou de resistênci.

Quanto à escolha do Agrupamento, Nair revela que demorou algum tempo a decidir em qual iria integrar a filha: no 1052 – Quarteira, à qual tinha pertencido, ou no 1009 – Paderne, na sua área de residência. Por um lado, o Agrupamento 1052 já tinha experiência, porém ficava muito longe de sua casa e a nível de logística seria mais complicado.  Por esse motivo, e como conhecia os Dirigentes do Agrupamento de Paderne, entrou em contacto com eles e salienta: «Foram espetaculares! Hoje sinto que fiz uma excelente escolha. A Chefe Rita criou logo um laço incrível com a minha filha, um laço de chefia que eu adoro».

No que diz respeito à adaptação das atividades, a mãe de Constança confessa sentir que estas são bastante pensadas de maneira a que a filha possa realizá-las do início ao fim e deu-nos o exemplo da primeira em que ela participou: «Foi um jogo de cidade em que se constituíram equipas verticais, sendo que foram escolhidos os elementos dos Pioneiros e Caminheiros mais responsáveis a ficar na equipa da Constança. Ela veio super feliz e sinto que há muita vontade em integrar a Constança na sociedade e no Movimento

Para além disso, segundo Nair tanto a Dirigente Rita como os Chefes da Alcateia referem ter todos a aprender com a Lobita, visto que é uma aprendizagem tanto para ela como para eles, pelo que aceitaram este desafio de braços abertos. Para reforçar esta afirmação, conta: «A Constança já fez a primeira noite em regime de acampamento e sei que ela é um pouco fugitiva. Então a Chefe autorizou-me a comprar umas botas com luz, sobrepondo um pouco a regra de fardamento, mas assim se a Constança por algum motivo se afastar é mais fácil encontrá-la

Menciona ainda que entre outras situações, Constança faz alguma resistência em caminhar e/ou realizar caminhadas longas. Por isso, há períodos em que um dos elementos a leva às cavalitas, sendo algo que ela considera divertido e acaba sempre por participar.

Relativamente às mais-valias que o Escutismo trará, a longo prazo, para a vida desta menina, Nair diz ser algo que dará a Constança uma maior autonomia, cortando um pouco os laços ‘do lar’. Assim, poderá desenvolver uma maior independência e uma melhor integração na sociedade. Remata dizendo: «São as bases que poderão num futuro ser-lhe muito úteis quando nós, pais, não estivermos ou mesmo para um aumento da sua autoestima. Ela consegue e é capaz!».

Para terminar, pedimos à mãe de Constança que deixasse uma mensagem aos pais que tenham filhos com alguma deficiência e talvez nunca tenham pensado em integrá-los numa Associação como o CNE. Nair começa por destacar o facto de que cada necessidade especial tem as suas características e é necessário avaliar se a condição permite a integração neste tipo de Movimento.

Na possibilidade de isso ser possível, como é o caso da sua filha, termina afirmando: «Só tenho a dizer que é uma mais-valia a integração num Movimento deste género. Mais houvesse Agrupamentos com interesse de integrar uma criança com necessidades especiais como aquele onde está a Constança! Sabemos que requer muito preparação e acima de tudo empatia e boa vontade. É uma aprendizagem mútua. Sempre Alerta para Servir, já diz o lema